UM PAÍS PODE SE DESENVOLVER SEM REVER O PASSADO?
Luciano
dos Santos Ferreira
Resumo: Apesar de tema
recorrente, a escravidão brasileira ainda é mal “compreendida” pela sociedade
em geral. Pelas elites certamente, mas principalmente pelas camadas mais pobres,
que “coincidentemente” é descendente direta dos africanos trazidos à força e
reduzidos à mão de obra amordaçada e maiores interessados no assunto, que
outrora gerou riqueza e requinte para seus “senhores”, Estados europeus
desterraram milhões sem o menor pudor, motivados apenas pelo lucro. Ainda paira
na mentalidade de boa parte dos cidadãos brasileiros a ideia de que o escravo o
era apenas por ser negro, por inferioridade racial, que africanos foram
trazidos por serem suscetíveis à condição de escravo e que a indolência era
intrínseca a eles, fruto de uma problematização mal concebida e repleta de
“lugares comuns”, generalizando a escravidão como uma instituição uniforme; assim
reproduzidas ainda em alguns livros didáticos. O presente trabalho visa refletir
sobre resquícios da escravidão, em que medida suas consequências ainda estão
presentes na sociedade brasileira e quanto pode provocar a estagnação social à
população mais pobre e ao país como um todo.
Palavras-chave: escravidão;
estagnação; desenvolvimento; nação.
Introdução
O
Brasil sempre tomou e continua a tomar descaminhos em relação ao que possa ser
mais lógico e plausível, difícil se pensar num caminho prospectivo que
possibilite antever como adolescentes e jovens construirão sua cidadania no
futuro, muito menos como poderá guiá-los nesse labirinto de ideologias que
militam contra seus direitos mais básicos, como o de pensar criticamente. É
contraditório, mas tal despautério parte dos que deveriam defender sua plena
cidadania: os poderes da república; em que as conspirações corporativas, sem a
menor dificuldade, lesam e manipulam sua permanência no poder. Talvez isso
ocorra em qualquer lugar do mundo, é lógico que a corrupção permeia todas as
instituições no mundo, mas até quando acontecerá aqui como normalidade e de
forma tão explícita para uns e tão passiva para outros?
Sabe-se e não é de
agora, o campo de batalha que é a estruturação do ensino, da saúde, segurança,
etc. O Brasil é uma sociedade opaca, sem um ethos
claro que defina suas características e tendências para o futuro, por vezes
a impressão que se tem é que não há objetivos sequer num médio prazo, mas
apenas o imediatismo de um dia após o outro ser suficiente para a vida do
brasileiro e torná-lo passivo; são remendos urgentes para improvisar soluções
de problemas estruturais importantes para fundamento do futuro, sem falar nas
insistentes reminiscências irresolutas da própria história que poucos se
preocupam em revisitar, e quando se faz não se dá ouvidos. Mas por outro lado, nosso
sistema eleitoral é um dos, senão o mais “eficiente” do mundo. Certamente há
uma explicação para isso.
Elencar as
possíveis causas da condição de país “em desenvolvimento” seria certamente um
estudo enorme, impraticável neste curto espaço, por isso apena uma das tantas
causas será apresentada, das inúmeras que poderiam ser desenvolvidas: nossa
herança escravista. Ainda assim considerando que o tema exposto está longe de
esgotamento, afinal em quase 130 anos de abolição, a condição dos
afrodescendentes não é muito diferente da vida dos escravos e alforriados de
séculos anteriores. Cabem alguns questionamentos: como se originaram as
contradições sociais do Brasil? Por que é tão difícil resolver problemas como
concentração de renda nas mãos de poucos? Há solução para desigualdade social
no Brasil?
Desenvolvimento
A lista de
historiadores que trataram e ainda tratam do tema da África e da africanidade
no Brasil – enquanto estado da arte aqui ensejado – seja sob os aspectos
culturais, políticos, sociais ou econômicos é longa. É temeroso, portanto
ausentar algum autor ou trabalho importante dessa discussão, por isso as
agruras de uma seleção são sempre muito complicadas. O que incluir e o que
deixar de fora?
Afinal temos a tese
de doutorado Escravidão e Universo Cultural na Colônia (2001) de Eduardo França
Paiva, abordando o cotidiano mineiro do século XVIII em suas dinâmicas sociais,
alforrias, resistências e negociações. João José Reis e Flávio dos Santos Gomes
em Liberdade Por Um Fio - História dos Quilombolas no Brasil (2005) que além de
revisitar Palmares, realiza uma análise minuciosa de quilombos menos conhecidos
e das trocas entre negros e índios nesses espaços de resistência. Ainda Flávio
dos Santos Gomes com História de quilombolas - Mocambos e comunidades de
senzalas no Rio de Janeiro, Século XIX (2006) recria o mundo interno entre a
senzala e os quilombos urbanos. E mais uma vez João José Reis em sua obra
Rebelião Escrava no Brasil. A história do levante dos malês em 1835 (2003),
sobre a revolta urbana na Bahia, a cooperação e rivalidades étnicas, bem como o
papel dos libertos na sociedade escravocrata. E tantos outros clássicos e
literatura renovada que incrementam as pesquisas sobre africanos e identidades
construídas no Brasil de setecentos ao final do século XIX que imperdoavelmente
não cabem agora nesse breve levantamento, sob pena de tornarem-se em si uma
dissertação relacional de obras sobre o tema.
Atendo com mais
profundidade em Ser Escravo no Brasil: séculos XVI – XIX (2016), Kátia Mattoso
elabora uma excepcional pesquisa sobre a escravidão brasileira, com foco no
Nordeste e muitos relatos específicos da Bahia. A autora dialoga com os
movimentos ocorridos no eixo Sul/Sudeste, principalmente após a proibição
definitiva do tráfico negreiro em 1850, ainda que este já estivesse proibido legalmente
desde 1831, bem problematizado por Sidney Chalhoub, em A Força da Escravidão
(2015), aqui já temos problemas no que diz respeito à promulgação de leis no
Brasil: “a lei de 7 de novembro de 1831, que determinava em seu artigo 1º, que
“Todos os escravos que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de
fora ficam livres” (2015, p. 46). Mas o fato é que só é obedecida num primeiro
momento, seguido de uma letargia escancarada do poder público em cumprir a lei,
em pouco tempo o desembarque dos africanos tornou-se prática comum, ainda que
ao arrepio da lei. Ainda segundo Chalhoub, 9.013 escravos foram importados em
1832, 12.901 em 1833, 18.100 em 1834 e saltou para 37.134 em 1835. Em 1836 o
tráfico negreiro trouxe 52.837 escravos ilegais ao Brasil (2015, p. 48). A
instituição da escravidão era tão enraizada e conveniente que a proibição só
teve efeito enquanto não se soube das efetivas punições, tendo certeza da
impunidade o fluxo foi pouco a pouco reestabelecido. É fato que a ilegalidade
se estendeu até 1850, quando a Lei Eusébio de Queiroz aboliu definitivamente a
prática.
Em Visões de
Liberdade (2011), Chalhoub, dá voz a negros, escravos e alforriados que viveram
no final do século XIX em processos criminais e de compras e vendas. Muitos
desse processo buscando justamente a liberdade dos escravos contrabandeados
após a proibição, mostrando nos processos os impasses na falta de informações e
documentos que provassem a posterioridade do tráfico ilegal. Os registros dos
arquivos da Biblioteca Nacional (BN) e do Arquivo do Primeiro Tribunal do Júri
da cidade do Rio de Janeiro (APTJ) estão abarrotados dos referidos processos,
que em pouquíssimos casos dava ganho de causa ao escravo. Ainda que diante das
dificuldades em provar o ano de chagada, precisavam que algum cidadão branco
assumisse a curatela sobre ele, já que escravos, que não eram considerados
pessoa, e não podiam autonomamente entrar na justiça por uma questão judicial.
Na segunda metade
do século XIX a escravidão já dava sinais de falência, não no Brasil, mas numa
confluência internacional generalizada, por pressões crescentes, seguiram-se à
Lei Euzébio de Queirós de 1850, proibindo o tráfico; a Lei do Ventre Livre em
1871, principalmente a partir dessa década as pressões tanto interna quanto
externas, dão sinais de que a escravidão entrara em colapso; Lei dos
Sexagenários, em 1885 e por fim a Lei Áurea de 1888, que em seus dois artigos:
Art. 1º: É
declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. “2º:
Revogam-se os dispositivos em contrário.
Nesse momento o
país ficou fortemente polarizado, o final definitivo do elemento servil
provocou fortes reações no seio da elite agrária brasileira, nisso, de fato há
uma contradição inegável: se o escravo era um bem, uma propriedade privada instituída
legalmente, não era cabível a dissolução institucional sem a devida indenização
aos proprietários, coisa que a lei Áurea não previa. Marcos Costa em História
do Brasil pra Que Tem Pressa nos brinda com um questionamento pertinente: “caso
a Lei Áurea tivesse previsto a indenização para os proprietários dos escravos,
que seriam despojados dos seus bens, teriam eles conspirado para o fim da
Monarquia e para a Proclamação da República?” (2016, p. 92 – 93). A elite
reacionária mostrava sua face mais nefasta. Não impressiona o incentivo a
imigração abundante de europeus em substituição a mão de obra escrava. Há ainda
um hiato das pesquisas nesse sentido, atualmente é que algumas pesquisas estão
trazendo as trajetórias dos libertos após a abolição, antes força motriz
nacional, agora excluída da senzala sem nenhuma ação de reinserção na sociedade,
que passou a se fixar nas perifeiras dos crescentes aglomerados urbanos. É
curioso perceber que em geral os livros didáticos não explicitam o advento da
república como uma retaliação à abolição da escravidão.
Na década de 1930,
em Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre celebra a miscigenação entre o
colonizador português e o africano, e, como cita Alfredo César Melo em artigo
intitulado: Saudosismo e crítica social em Casa grande & senzala: a articulação de uma política da
memória e de uma utopia: “A
miscigenação ocorrida no Brasil teria sido, então, uma consequência não
pretendida da lógica mercantilista do projeto colonizador português.” (Melo,
2009). Ao contrário do que afirmara de Freyre, que exaltava a miscigenação como
uma construção portuguesa idealizando uma sociedade mais flexível. Cita ainda: “por não ter sido prevista, a
miscigenação causou um grande mal-estar e preocupação para as elites
brasileiras” (Melo, 2009).
Evidentemente a
obra de Freyre possui mérito inquestionável. Na referida obra é desconstruída a
ideia de progresso baseado na pureza racial, pelo contrário, a beleza e
exuberância do Brasil estavam justamente na miscigenação do seu povo. Que além
da convivência pacífica e ordeira era a simbiose de tudo que o constituíra, a
ideia do homem cordial, também a ideia de uma convivência entre senhor e
escravo, quase romântica, patriarcal e familiar. Kátia Mattoso (2016) faz coro
com Alfredo e alerta sobre esse tipo de postura, já que era mais viável
economicamente persuadir a coagir, daí: “dá-me tua lealdade, diz o senhor, e eu
te darei a proteção e a identidade da minha família”, afirma também que esse
fato pôde enganar muitos cientistas sociais, que viam nisso uma relação de
sucesso e uma perfeita adaptação do escravo ao ambiente que o acolhia, como uma
grande família (2016, p. 130), o que mostra, segundo ela, apenas uma forma
sutil de resistência. Evidentemente a escravidão não foi acachapante o tempo
inteiro, certo é que, um período de dominação tão longo houve concessões e
adaptações de ambas as partes, mas as concessões eram meramente interesses.
Considerações
finais
Apesar
de bem embasados do ponto de vista teórico e tendo já há algumas décadas
problematizadas as diferenças étnico-raciais e sociais, na prática ainda engatinhamos
no processo de construção de nação, com muitas repetições de antigas práticas
escravocratas, ainda que ressignificadas e travestidas com roupagens modernas e
dissociadas do passado. A pesquisa histórica e a historiografia podem explicar
muito da sociedade brasileira, mas há elementos que nenhuma teoria de ciências
humanas comprove e consequentemente sugira cominhos de transformação: a índole
de superioridade que uns sentem em relação aos outros, os orgulhos não
admitidos, as atitudes excludentes que em detrimento, apenas se mostras frias e
sem indicativos das motivações de igualdade. Só com olhos atentos se percebe os
resultados insistentes da manutenção de um passado insistente no nosso
presente.
Referências
Luciano é professor de história do ensino
médio da rede pública e mestrando do PROFHISTORIA da UFS – Universidade Federal
de Sergipe.
COSTA, Marcos – A História do Brasil Para Quem Tem Pressa. 1. ed. Rio de Janeiro. Valentina, 2016.
CHALHOUB, Sidney. A Força da Escravidão: Ilegalidade
e Costume no Brasil Oitocentista. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
____. Visões
da Liberdade. Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São
Paulo: Companhia das Letras, 2011.
MATTOSO, Katia M. de Queiróz. Ser Escavo no Brasil: séculos XVI – XIX; tradução Sônia Furhmann – Petrópolis,
RJ: Vozes, 2016.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão e Universo cultural na Colônia.
Minas Gerais, 1716-1789. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.
REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil. A História do Levante dos Malês em
1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
____; GOMES, Flávio
dos Santos. Liberdade por um fio.
História dos quilombolas no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,
É inegável que desconhecer o passado nos leva a incorrer em erros do presente que afetarão nosso futuro. Percebo que as ideologias se apropriam dessas mazelas no sentido de estabelecerem campos de influência. Conhecer a História, utilizando-se da historiografia, proporciona condições de visualizar o passado em uma perspectiva atual. Diante disso, é possível compreender a dinâmica social e transformá-la.
ResponderExcluirJulio Junior Moresco - UFMT
Exatamente Júlio, o grande entrave é que toda essa consciência precisa de vontade de mudar. O conhecimento é uma ferramenta a ser utilizada para alavancar as mudanças que o país precisa, mas nossa herança escravocrata fará de tudo para impedir a isonomia, o golpe impetrado a Dilma confirma isso.
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Me encantei logo de cara pelo titulo, que vai direto ao ponto!
ResponderExcluirA temática abordada nos faz ter uma reflexão sobre os inúmeros enfrentamentos que este tema nos trás.
Parabéns
Abraço
Marília Guaragni - Graduada pela Universidade de Santa Cruz do Sul(UNISC) - RS
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigado Marília. A intensão é justamente despertar inquietudes e reflexões sobre a multiplicidade coisas que justificam as condições do Brasil atualmente, não se pode creditar a um único ator ou grupo, mas existe uma construção que é intencional para que tudo seja como é. Sigamos lutando por melhoras.
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Parabéns Luciano pelo seu trabalho é uma afirmativa atual estes resquícios estão presente em nosso cotidiano, evidente que não podemos creditar tudo a escravidão, mas há uma dívida a ser paga e vamos demorar a pagá-la. Se observarmos em José Murilo de Carvalho, em seus livros A Construção da Ordem e Teatro de Sombras, percebemos como se dava a formação da elite politica imperial e como er a política imperial. E o que restou para os ex-escravos libertos? Serem relegados, excluídos. O que foi feito no decorrer da República quase nada. Hoje sistema de cotas, estatuto da igualdade social e a Lei 10.639/2003.
ResponderExcluirJosé Walter Vieira - Licenciatura em História pela Universidade Estácio de Sá.
Especialização em História de Pernambuco-UFPE.
É exatamente isso Walter, há muito a ser melhorado na nossa sociedade, os problemas estruturais são infinitamente mais fáceis que as transformações de mentalidade, que no nosso caso são profundas e nunca se passou a limpo, nunca houve uma convulsão que forçasse a reflexão. Esperemos que cresçamos criticamente sem muita ajuda das nossas políticas públicas.
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Em suma, mediante a um assunto tão problematizado precisamos criar uma consiencia que tire as máscaras,para indagar a visão de mundo das pessoas . Aline Maria. 2 período de história famasul
ResponderExcluirÉ isso mesmo Aline, temos boa responsabilidade nisso enquanto professores, para devolvermos pessoas melhores à sociedade do que quando entraram no ensino público. Tarefa difícil. Mas nunca desistir é uma meta!
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Caro Luciano dos Santos Ferreira,
ResponderExcluirO título do teu trabalho me chamou a atenção logo à primeira leitura.
Isto ocorreu devido à palavra "desenvolvimento" que utilizas tanto no título quanto no subtítulo.
Uma das questões que me coloco é que "desenvolvimento", mais do que uma palavra, é uma ideia que precisa ser analisada em perspectiva e de modo relacional.
É sabido que muitos têm se utilizado da ideia de "desenvolvimento" para impetrar projetos liberal-capitalistas que em nada consideram as necessidades básicas da sociedade brasileira. Nas Amazônias, por exemplo, projetos desenvolvimentistas estão sendo implementados em larga escala desde os anos 1970. Poderíamos até considerar que a palavra "desenvolvimento", utilizada hoje pelo Estado, foi criada para substituir a palavra "civilização" sem deixar de manter suas principais intenções.
Em História, costumamos dizer que o papel dos historiadores é lembrar as pessoas do passado que elas gostariam de esquecer. Tenho certeza de que sua intenção é dialogar com tal ideia para que assim possamos empreender projetos futuros que evitem repetições de erros do passado.
De todo modo, a meu ver, a palavra "desenvolvimento" deve ser pensada a partir dos múltiplos atores sociais que dela se utilizam para interesses particulares e coletivos de vida. Nesse sentido, uma análise mais detida sobre o próprio termo levará sua pesquisa e evidenciar noções muito contraditórias sobre as ideias que a palavra "desenvolvimento" podem representar.
Nesse sentido, em perspectiva relacional "desenvolvimento" pode mesmo ser utilizada como chave de compreensão para analisar as razões pelas quais os conhecimentos históricos são tão desvalorizados pelo Estado e, por consequência, pela sociedade brasileira.
Por fim, para uma reflexão inicial sobre a questão, gostaria de saber qual a sua concepção sobre "desenvolvimento" e o que esperar dos discursos que dela se utilizam para materializar os plurais interesses que tais ideias representam.
agradeço antecipadamente pela sua resposta!
Forte abraço.
Fernando Roque Fernandes
Universidade Federal do Pará.
Olá Fernando, o espaço não permite pormenores dado formato do texto, mas sua colocação é pertinente, "desenvolvimento" pode ser de uma polissemia enorme, mas não tive intensão de muita profundidade epistemológica ou filosófica do termo, simplesmente a situação que nós permita ter orgulho enquanto nação. Não falo na construção de uma potência mundial, mas na melhoria da vida das pessoas mais pobres, o abismo social que nos separa de países como a Argentina, nação vizinha que tem suas mazelas, mas que está muito à frente por uma questão racial que não tem, e que nós ancora num passado estagnante. É não falo em aspectos isolados nem totalizantes, os EUA tem problemas graves mesmo sendo uma potência, Cuba tem ótimos índices educacionais nas socialmente é deplorável, isso não é desenvolvimento, talvez dos como utilitarista, mas precisamos melhorar em mais áreas possíveis pra ser um Brasil desenvolvido e não subserviente e garimpo das potências mundiais. abraços.
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
É encantador esse trabalho desde o título! É inegável dizer que sabemos que nossa geração ainda foge do passado! Temos visto classes inteiras se negando a conhecer nosso passado pelo simples fato dele querer mostrar a verdade estampada em nossas raízes! A História nos proporciona a caracterização de ideologias cabíveis para a compreensão total de nossas raízes! O conhecimento se torna uma arma em nossos sistemas falidos pela corrupção e pelas matrizes de ignorância! Excelente tema abordado!
ResponderExcluirClaudio G. Junior - Licenciatura Plena em História
Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul de Pernambuco (FAMASUL)
Acho que esse é o termo: "nossa geração ainda foge do passado", e essa ideologia controla o que é verdade, nisso a escola, os livros didáticos, a mídia "forjam" uma realidade excludente e propaga como verdade. Até a formação de professores está sujeita a isso, então traduzir a realidade para os estudantes pode ser uma tarefa difícil, mas necessária.
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Parbaéns, Luciano. Maravilhoso! Querido, não podemos fazer história sem ver o passado, como diria Koselleck a um espaço de experiencia e um horizonte de expectativa, minha pergunta é quais são os maiores erros que que uma sociedade pode cometer caso não olhe o erro dos seus passado? E o que esses erros podem atingir as sociedades futuras que acarretarão os erros desses.
ResponderExcluirLuciano De Sousa Gonçalves.
Universidade Federal Do Amazonas- ufam.
Olha xará, questão complicada, e o que acredito nessa questão pode desencadear algumas questões bem polêmicas. Temos um problema étnico sério, há muitos estudas já há algum tempo que derrubam a dita "democracia racial", pelo contrário, nossas raízes são muito profundas. Imagine que o Japão não tem problemas étnicos, seu foco pode ser o desenvolvimento como vetor, cuja única cultura torna o consciente coletivo um elemento facilitador para tudo em que a sociedade se pretende fazer. No nosso caso, perdemos muito tempo com as dicotomias e as disputas implícitas das posições de poder. Não é algo fácil de resolver. Os EUA, diferente de nós, sistematizaram seu desenvolvimento, o Destino Manifesto e outras doutrinas mostram isso. Num determinado momento só a guerra "resolveram" os problemas raciais. Nós ficamos refém de uma elite que tem seus próprios interesses, fazer justiça social significa a possibilidade de perder posições e privilégios, percebe como é complexo? Espero ter ajudado. Abraços.
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Joelma de Jesus Lobato, graduada em História, graduanda em segunda licenciatura em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior Fabra.
ResponderExcluirAcho muito pertinente seu titulo,as pessoas veneram o fato do Brasil ser essa mistura de etnias, porém poucas sabem que os africanos não vieram por livre e espontânea vontade, minha pergunta é quanto a construção da nação mencionado reconhecer a divida histórica é o primeiro passo?
Olá Joelma, tudo bem? É realmente uma tarefa difícil, uma disputa de poder implícita que permeia o cotidiano. Sabe aquela pergunta feita a crianças, o que você que ser quando crescer? O Brasil quer ser o quê? Continuar a ser subserviente aos interesses dilapidatórios de que pagar a maior propina, não que isso seja exclusividade nossa, mas aqui a impunidade faz da corrupção sinônimo de esperteza! Não temos valores, não somos patriotas, não valorizamos a educação, não respeitamos as mulheres, os idosos os adolescentes, os negros... a tarefa é hercúlea, mas é um começo.
ExcluirMuito bom seu trabalho parabéns
ResponderExcluirShene Wilson Francisco, Graduando em História FAMASUL
Obrigado Shene, espero ter contribuído para a reflexão da nossa ralidade, mas muito ainda precisa ser aprendido. Abraços.
ResponderExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Boa Tarde Luciano. Parabéns pelo texto, muito bom. Acredito que os questionamentos que você fez no final da tua introdução passam muito pelo conceito de mentalidade, claro, que não exclusivamente por ela. A mudança de mentalidade sempre é um processo lento. E essa mentalidade preconceituosa, errônea, tal qual a do Wiliam Waccak com a frase “isso é coisa de preto” só demonstra que essa mentalidade preconceituosa e racista for firmada no Brasil há séculos atrás, sendo uma questão histórica. E com muito trabalho a desconstrução dessa mentalidade será realizada. Grato.
ResponderExcluirDica de leitura: Onda Negra, Medo Branco – autora Celia Maria Marinho de Azevedo.
Felipe Rosenthal Rabelo - Unespar/União da Vitória/PR
Boa Tarde Yego. Parabéns. A própria criação da lei 10.639/03 já demonstra o tamanho da luta, pois se tudo estivesse perfeito ou quase perfeito não haveria necessidade de uma lei. No texto você coloca três problemáticas para a efetivação da lei – I – Livro didático – II – Formação do professor – III – Fortalecimento de um programa conservador na segunda década do século XXI, além destas teria uma IV que você acrescentaria? Grato.
ResponderExcluirFelipe Rosenthal Rabelo - Unespar/União da Vitória/PR.
Obrigado Felipe, inclusive pela dica de leitura, já conhecia o livro, mas agora vou procurá-lo com mais atenção, acho a temática realmente instigante e ainda que bem problematizada, há algumas lacunas que estão sendo preenchidas recentemente. Acho que um IV item para elencar solução para o problema do preconceito e abandonar definitivamente a mentalidade de inferioridade racial do negro, é se fazer um planejamento sério de nação. O que o Brasil pretende para o futuro? Continuar a ser o depósito dos países ricos? Se submeter aos interesses dos EUA? Acho que temos que tomar as rédeas do nosso futuro e melhorar a NOSSA VIDA, e não dos europeus, chineses, etc. Acho que um pouco de nacionalismo nos faria muito bem. Abraços Felipe!
ExcluirLuciano dos Santos Ferreira
Universidade Federal de Sergipe - UFS