LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA: A IMPORTÂNCIA DE ANALISÁ-LO 

 Márjorie Maria Carneiro Pires

Resumo: O livro didático é uma ferramenta de ensino bastante disseminada no ambiente escolar do Brasil. O mesmo passou e passa por diversas avaliações e reformulações ao longo de sua existência, atendendo as mudanças no sistema educacional impulsionadas pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases), bem como dos próprios PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Assim, a necessidade de realizar uma análise dos conteúdos formais e pedagógicos ao qual engloba é pertinente, devido ao fato, de que por muitas vezes no meio educacional, ser o único respaldo de aprendizado do aluno.
Palavras-chave: livro didático; história; ensino.

Introdução

Segundo Bittencourt (2008) o livro didático é um instrumento bastante controverso no meio educacional, existem professores que o abominam, pois o consideram um dos algozes da precária situação do ensino no Brasil, mas existem outros docentes que acreditam que o livro didático é fundamental para o embasamento do estudo, devido ao fato dos educandos terem acesso aos conteúdos que serão explanados ao longo do ano.
Assim, o livro didático possui importância ao sistematizar e elencar conhecimentos fundamentais para a sociedade. Sua estrutura permite que saberes acadêmicos sejam adaptados e perpetuados para o ensino escolar, pois a disposição de capítulos, conceitos, ilustrações, auxiliam para uma melhor compreensão do que está sendo ensinado.
No entanto, esta ferramenta de ensino deve ser analisada de forma mais contundente, pois carrega em si valores, ideologias, conceitos, transmitindo concepções dos grupos que a elaboram. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo o exame do livro de História “História Geral e do Brasil- Volume 2” de autoria de Cláudio Vicentino e de Gianpaolo Dorigo (2013), tendo como foco o capítulo “O Segundo Reinado no Brasil” onde serão explorados o seu conteúdo histórico e pedagógico.


Metodologia

Realizou-se uma análise do capítulo "O Segundo Reinado no Brasil", onde foram verificadas as ilustrações, os conceitos e o modo como foi apresentado o conteúdo. Com isso, buscou-se averiguar de que maneira elas complementam o aprendizado dos alunos.
No livro existe uma quantidade significativa de ilustrações, numa média de 1 (uma) ilustração por página, as mesmas em sua maioria se apresentam de forma complementar, ou seja, servem para acrescentar uma informação contida no texto principal. São exemplos:  mapas, fotografias, pinturas, imagens, gráficos, que certamente auxiliam para a aproximação do aluno com o tempo histórico estudado. No entanto, não se observou uma problematização das imagens, tão pouco a proposta de um trabalho de reflexão, pois as próprias legendas que as acompanham já direcionam o pensamento do aluno para uma determinada construção do conhecimento, reforçando deste modo o desempenho de um papel secundário das ilustrações no processo de aprendizagem.
No que tange ao aspecto econômico, a utilização de gráficos é tido como algo positivo, tendo em vista que os dados quantitativos são colocados de maneira objetiva e prática. No caso do presente capítulo na página 262, percebe-se a presença de um gráfico acerca do tráfico negreiro no Brasil no século XIX, o professor e o aluno neste momento podem realizar uma reflexão útil através dos dados apresentados sobre a relação da lei Eusébio de Queiroz para o decréscimo da imigração negra ou da sua venda clandestina.
Como retrata Bloch (2001, p.50) “Toda ciência tomada isoladamente, não significa senão um fragmento do universal movimento rumo ao conhecimento”, ou seja, o mesmo defende uma premissa bastante valorizada na Escola dos Annales, onde o diálogo entre as ciências é estimada. Diante disso, a presença de mapas ilustra bem a relação interdisciplinar com a Geografia, onde conceitos como território, fronteiras, imigração, população estão presentes no texto analisado, permitindo sobretudo aos alunos a percepção da dinâmica geográfica no período imperial.
De maneira geral, existe uma pluralidade de correntes históricas no referido capítulo, identificou-se ora um posicionamento mais cultural, ora mais político-econômico, mas em âmbito majoritário a história política ainda é bastante exaltada, pois a retratação do indivíduo, no caso dos "grandes homens" é algo presente na obra, como a do então Imperador D. Pedro II ou do General Abreu e Lima, deste modo, há uma visão bastante elitista da história, que retrata o acontecimento de uma perspectiva biográfica. Há no livro um panorama voltado a uma História Positivista, no qual o Estado, as instituições e as guerras ainda são os fatores importantes e desencadeadores de uma mudança social.
Algo que deve ser ressaltado é o fato de que o livro didático não consegue agrupar todos os conhecimentos sobre um determinado tema, por isso não consegue ser profundo em sua essência, este cenário se deve a variedade de conteúdo, ao preço do livro e mesmo da carga horária média das aulas de história. No entanto, o livro examinado pode ser considerado acessível para o estudo, pois o texto é rico em dados e consegue administrar bem o conteúdo referido, realizando uma divisão simples do assunto em eixos como a economia, a política e a sociedade. Além disso propõe atividades que exigem a interpretação de textos e imagens, trazendo curiosidades e questões de vestibulares. Já na seção final do livro intitulada "Sugestões de leitura para o aluno", há a disponibilização de títulos de livros para o aluno aprofundar ainda mais o seu conhecimento através de uma bibliografia selecionada pelas temáticas trabalhadas.
Segundo Silva (2010) o livro didático não pode ser considerado o lugar de toda a História, portanto, deve ser questionado, problematizado, sendo necessário fomentar na escolha do livro a sua devida análise por parte da escola e do professor, além disso instigar no processo de aprendizagem diversas mediações para o ensino, não apenas o livro didático, como a utilização de filmes, livros literários, fontes históricas, fotografias, estudos de caso, etc.

Resultados

Os autores convergem para uma historiografia ainda de cunho tradicional, mas de forma sintática, trazem aspectos marxistas, podendo ser evidenciado na exposição da importância da estrutura econômica para a realidade social, como na ideia de superestrutura (exemplo: mercantilismo que promoveu a expansão). Também se visualiza aspectos da Nova História, no momento que oferecerem espaço para os âmbitos "micros" (a aldeia, a família, o corpo) da sociedade. Desta forma, percebe-se uma busca por dinamizar o livro didático, trazendo variadas formas de abordagem do conteúdo, demonstrando que mediante diferentes aspectos pode se retratar a história.
Também foi demonstrado ao longo do livro outras formas de linguagens que contribuem para aumentar ainda mais o contato do aluno frente ao conteúdo estudado, são elas: tabelas, gráficos, charges, glossários, boxes interdisciplinares, imagens, etc.

Considerações Finais

O livro didático não pode ser visualizado como a única forma de se ter acesso ao saber, é um componente complexo que faz parte da realidade do ensino no Brasil, por isso, a necessidade de se realizar um estudo atento do mesmo, observando a ideologia que carrega, as práticas reflexivas que contém, a maneira como apresenta os conteúdos e a forma como os exercícios são propostos, são critérios importantes para a sua escolha.
No que se refere ao livro didático analisado, verificou-se a existência de deficiências no que se refere a capacidade de instigar a criticidade do aluno, pois o texto ainda tende a ser bastante conteudista, e não faz uso, apesar da grande quantidade de ilustrações, de uma interpretação dos acontecimentos por outros mecanismos, que podem ser utilizados de forma além do uso complementar. Entretanto, também apresentou pontos positivos como a presença de resumos; quadros explicativos; sugestões de leituras e de filmes; e exercícios para uma melhor organização do processo de aprendizagem do aluno. Desta forma, o livro didático deve permanecer em constante análise, buscando ser uma ferramenta que proporcione o pensamento crítico dos educandos.

Referências

Graduanda em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Bolsista do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) de História. Vem desenvolvendo pesquisas vinculadas a educação e a história do Brasil Império.

BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
BITTENCOURT, Circe. Livros didáticos entre textos e imagens. In: BITTENCOURT, Circe (Org.) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008.
SILVA, Marcos; FONSECA, Selva. Ensino de História hoje: errâncias, conquistas e perdas. Revista Brasileira de História. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, v. 31, n. 60, p. 13-33, 2010.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil- Volume 2. São Paulo: Scipione, 2013.



46 comentários:

  1. Compartilho da ideia da autora, o livro didático é realmente fundamental em muitos momentos da atividade docente, contudo, há ressalvas. Mas minha pergunta é sobre a escolha da temática, por que você escolheu analisar o segundo reinado?

    David Richard Martins Motta: Licenciado em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ. Pós-graduando do curso de especialização em Ensino de Jovens e Adultos pelo IFRJ - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia. e-mail: mottacell@yahoo.com.br

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    1. Caro David, escolhi a temática do Segundo Império por se tratar de um conteúdo rico, no qual pude analisar diversos aspectos (sociais, culturais, políticos e econômicos). Além disso, corresponde a minha área de pesquisa, portanto, tenho mais parâmetros para examinar seu teor historiográfico. Espero ter respondido sua pergunta. Grata pela intervenção.
      Márjorie Maria Carneiro Pires - UFPE

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    2. Agradeço a resposta!

      David Richard Martins Motta: Licenciado em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ.

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  2. O livro didático ainda hoje é um grande tabu no ensino de História, tal como explicita a autora seu uso divide opiniões. Ao meu ver, como historiadores precisamos perceber o livro didático como um documento em sala de aula, estas discussões sobre usar ou não usar o livro, é somente um pano de fundo sobre o centro do debate, a percepção de que o livro deve esgotar conteúdos, problematizar ideais etc. Acredito que estas questões não anulam a relevância do livro didático, como documento ele é falho, é deficiente, carrega preconceitos e o papel de acrescentar, reter e problematizar questões deve partir do professor. Por isto, sou favorável a seu uso em sala de aula, desde que haja uma mediação entre o estudante e o livro, realizada pois pelo professor.

    Luis Felipe de Lima Durval - Licenciando em História pela UFPE

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    1. Concordo com a sua opinião Luis Felipe. Minha crítica é apenas ao uso desmedido do livro didático sem uma análise do professor. Pois como você bem lembrou, ele não carrega todo o saber em si, mas pode ser um ótimo recurso para nortear o saber se houver uma intermediação eficaz do docente. Obrigada por expor seu ponto de vista.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  3. Ola, parabéns pelo assunto abordado. Gostaria de saber se para você uma das soluções para o bom uso do livro didático dentro da sala de aula, seja ele de História ou de qualquer outra disciplina não seria a formação continuada dos profissionais. Muitas vezes, infelizmente o professor dentro da sala de aula mediante o livro didático é exposto a novas correntes e autores que na época de sua graduação não existiam ou não possuíam notoriedade. Desde já, obrigada.

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    1. Com certeza Cícera. Grande parte dos professores possuem uma carga horária de trabalho enfadonha, onde não há tempo para realizar pesquisas, estudar (afinal somos eternos estudantes), ler novas bibliografias, ter contato com meios culturais. As condições precárias do docente: baixa remuneração, muitos alunos, pouco tempo de lazer e de estudo, faz com que ele seja refém de métodos práticos de aula e de avaliação, sendo o livro, nessa trajetória, um apoio e até mesmo a base para a sua atuação como docente. Ótimo questionamento. Obrigada!
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  4. Concordo com a visão de Circe Bittencourt, o livro didático é importante é um dos instrumentos que o professor deve fazer uso. Afinal existem livros e livros didáticos, o grande problema é que muitos professores utilizam cegamente. Outra questão que diz respeito em escolas privadas a cobrança por parte dos pais dos
    estudantes sobre os livros.
    Se bem trabalhado observando a relevância para o trabalho do professor e a interação com os e estudantes e materiais de apoio como: Música, vídeos, jornais, o livro tem o papel importante na sala de aula.

    José Walter Vieira - Licenciado em História pela Universidade Estácio de Sá
    Especialização em História de Pernambuco-UFPE.

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    1. Estou de acordo com a sua opinião. Além disso, há a necessidade, ao meu ver,de realizar uma reforma nos Parâmetros Curriculares de História, pois a cada ano que se passa há um aumento de conteúdos, no entanto, não existe um aumento proporcional de aulas de História. O que ocorre é que por muitas vezes as escolas prezam mais por abarcar todos os conteúdos, do que verificar se houve um aprendizado de fato dos estudantes. Agradeço a intervenção.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  5. Olá! De fato o livro didatico é essencial no trabalho docente, pena que é visto por muitos como uma simples ferramenta de passar atividade. O seu conteúdo deve ser explorado. As suas entrelinhas devem ser exploradas, a fim de que o aluno possa dar mais significado aquele conteúdo relacionando a sua vida diária. Acredito que, das disciplinas curriculares, a História é a que mais sofre por não ter, por parte do aluno - e isto é, em partes culpa do professor - assimilação, ou seja, o aluno, muitas vezes não consegue dar siginifcado aquilo que aprende, pois o material não é 100% explorado como deve.

    Jefferson Fernandes de Aquino
    Licenciado em História
    Especialista em Geopolítica e História
    Especialista em AEE
    Supervisor do PIBID-Historia

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    1. Ótima análise Jefferson. Acredito que a falta de contato dos estudantes de licenciatura com discussões acerca da utilização do livro didático, fomentem, nas suas práticas quanto docentes, esse panorama muito bem explicitado por você, onde o livro não é encarado como objeto a ser problematizado, mas apenas como meio de se obter informações e exercícios. Obrigada por oferecer este outro aspecto da utilização do livro didático.
      Márjorie Maria Carneiro Pires -UFPE

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  6. Neste trabalho foi ressaltado que "o livro didático não consegue agrupar todos os conhecimentos sobre um determinado tema, por isso não consegue ser profundo em sua essência" devido a diversos fatores, como por exemplo carga horária da matéria, preço de livro e variedade de conteúdo, no entanto é necessário pensar também que o livro é um instrumento e que o professor como mediador deve ir além do livro e trazer outros conteúdos relacionados aos temas que mesmo não estando no livro didático ele ache pertinente para discussão em suas aulas.
    Solimara Aparecida Tertuliano
    Licenciada em História pela UNESPAR (Campo Mourão)
    Licenciada em Pedagogia (UNINTER)

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    1. Isso Solimara! Devemos sempre avaliar nossa prática docente, trazer novas abordagens, recursos e metodologias. Em um contexto social, onde as mídias de informação se fazem mais presentes no cotidiano dos alunos, o professor possui mais um motivo para repensar sua prática, visando tornar o saber algo instigante e prazeroso aos discentes. Isso não implica em renegar o livro didático, mas trazer novos mecanismos de trabalho e não o reduzindo apenas para a resolução de atividades ou leitura de conteúdo. Agradeço a exposição realizada.
      Márjorie Maria Carneiro Pires

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  8. Olá Márjorie Maria, inicialmente gostaria de te parabenizar pela iniciativa; se faz importante descortinar e problematizar o conteúdo que é atribuído no livro didático atualmente. Na leitura de seu texto, embora organizado e com conexões bem desenvolvidas, senti falta de uma problematização como sendo uma contrapartida tua frente ao que analisou no livro. Em todo seu texto você disserta de forma analítica o conteúdo do livro, mas, ao final, quando vai concluir o texto, deixa de amarrar a análise feita à uma problematização tua. Você poderia, se possível, fazê-la por meio do comentário? Mais uma vez, obrigada pela possibilidade de discussão.

    Maria Larisse Elias da Silva
    Universidade Federal de Campina Grande UFCG/CFP - Licencianda em História

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    1. Posso sim Maria! Bem, primeiramente vou ressaltar que não estou criticando a utilização do livro didático, mas sim, a forma como ele é utilizado, como sendo uma fonte "inesgotável" do saber. Ao analisar o conteúdo do Segundo Reinado, observei o contexto historiográfico do texto, as imagens, os gráficos, etc., com o intuito de obter informações de como o conteúdo é abordado. Ao meu ver, os autores foram felizes em sua explanação, ainda que existam algumas críticas quanto a falta de questionamento ante as imagens ou mesmo em um discurso ainda positivista, percebi aspectos novos, a ênfase na cultura, no homem.
      De modo geral, observei que eles tentaram realizar uma abordagem mais plural do conteúdo, o que acredito ser algo positivo em um livro.
      Vale ressaltar que existem vários livros e autores de História, portanto, inúmeras abordagens e construções do conteúdo, por isso é importante lembrar que ao escrever estamos expandindo nosso discurso, e este carrega significados tanto para a nossa construção, permanência ou desconstrução. Desta forma, creio que o professor tem papel importante nessa empreitada ao guiar os seus alunos numa formação crítica.
      Espero que eu tenha elucidado seu questionamento, agradeço sua participação.
      Márjorie Maria Carneiro Pires - UFPE

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  10. Olá, Márjorie!

    Parabéns pelo trabalho. A temática é bastante pertinente, ainda mais se levarmos em conta as discussões atuais que visam, em larga medida, modelar e restringir alguns conteúdos abordados nos livros didáticos e ministrados em sala de aula.

    Em contrapartida, hoje também está cada vez mais difundido e vem se consolidando o uso da internet para atividades de fins educacionais. Você acredita que a internet pode substituir o livro didático como principal recurso de ensino-aprendizagem em sala de aula?

    Atenciosamente,
    Sandriano José da Silva
    Mestrando - Universidade Federal de Pernambuco

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    1. Caro Sandriano, realmente a internet já está consolidada na nossa sociedade, no entanto, por nos oferecer tantas possibilidades e informações não consegue agrupar o saber. Temos acesso a praticamente tudo ao realizar alguma pesquisa no "Doutor Google", mas quanto tempo dispomos para selecionar o que é importante, o que nos serve como conhecimento, o que é verídico ou inverídico?
      Minha sincera opinião é que eu me espanto com o alcance dessa ferramenta e não posso ser pessimista ao ponto de dizer que ela não vai ocupar o papel do livro didático, entretanto para que ela o faça, acredito que seja necessário haver um direcionamento claro e objetivo da sua utilização e do quê será estudado. Obrigada por trazer essa perspectiva e questionamento.
      Márjorie Maria Carneiro Pires -UFPE

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    2. Olá, Márjorie!
      Eu que agradeço. Obrigado por responder. Penso do mesmo modo.

      Sandriano José da Silva
      Mestrando - Universidade Federal de Pernambuco

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  11. Márjorie, tudo bom? Parabéns pelo text! Gostaria de questioná-la, uma vez que você cita ora que o livro é negado por docentes ora que ele é bem utilizado, se há, para você, a possibilidade de um, pelo o que eu chamo, "meio termo", ou seja, se para o professor é possível extrapolar o livro didático, explorando outros materiais didáticos.

    Rafael Dalyson dos Santos Souza - Universidade Federal de Campina Grande/CFP

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    1. Tudo bom Rafael! Obrigada! Na minha opinião tudo em demasia é ruim. No caso do livro didático, ele deve ser utilizado, mas creio que em nossa prática docente devemos sempre que possível fazer uso de outros materiais didáticos. Diversificar as aulas é algo bom, pois traz novidade aos alunos e aos professores. É uma chance de perceber outras nuances do método de ensino e também de como os alunos respondem a essas inovações. Acredito que o meio termo é o equilíbrio entre o emprego das diferentes metodologias de ensino em sala de aula. Obrigada pelo questionamento, espero ter respondido satisfatoriamente.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  12. Bom dia, Márjorie Maria.
    Quero parabenizá-lá pela pesquisa e sucesso, ela me fez lembrar de um seminário que participei na Famsul. Pois bem, como graduanda em História,percebo que os PCNs servem para orientar os educadores por meio da normatização de alguns aspectos fundamentais concernentes a cada disciplina, assim a sua meta é garantir aos educandos o direito de usufruir dos conhecimentos necessários, é importante ressaltar que os livros didáticos de História possui uma dificuldade de trabalhar conhecimentos históricos sobre um determinado tema, e quando são encontrados contam uma história muito "maquiada".

    Uma pergunta: Havendo a possibilidade de analisar esses livros didáticos, quais meios devemos utilizar para o aluno compreender o mesmo como um documento histórico e que neles há possibilidades, questões e limites de abordagem?

    Graduanda em História pela- FAMASUL
    Geisy Rayanne Alves de Oliveira

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    1. Obrigada Geisy! Concordo com sua explanação, para a elaboração de um livro didático inúmeros aspectos são norteadores de sua construção, o que o torna por muitas vezes limitado.
      Respondendo a sua pergunta, acho que não há por parte de muitos professores e alunos a perspectiva de que a História é uma ciência, que para formular uma narrativa de um acontecimento histórico existe um trabalho minucioso por parte dos historiadores. Ou seja, os alunos não conseguem enxergar e nem compreendem como é feito o trabalho investigativo do historiador. Assim, acredito que trazer documentos (jornais, cartas, formulários, etc); apresentar imagens; solicitar pesquisas aos alunos sobre um determinado tema e confrontar com o conteúdo do livro didático é fazê-los perceber outros discursos, o não esgotamento de um conteúdo; e a amplitude do saber, que não está apenas nos textos. Olhar o aluno como ser ativo e proporcionar a ele esse protagonismo é um passo importante para que o mesmo compreenda que existe muita história "fora" do livro didático e que há vários olhares sobre um mesmo acontecimento. Espero ter respondido sua pergunta, aproveito para agradecer sua participação e por ter me proporcionado essa reflexão.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  13. Parabéns Márjorie pelo trabalho.
    O livro didático sempre vai ser tema de pesquisa, o seu trabalho foi muito bem produzido e com foco e uma assunto.
    Ao meu ver o problema da utilização do livro didático é que muitos professore utilizam ele como um manual da aula, seguem a sequência dos temas e não buscam outras fontes, isso sim é um problema. Eu utilizo o livro didático nas minhas escolas como ferramenta de apoio e não como base de ensino.
    Uma pergunta, você pretende ampliar a sua pesquisa para outro pontos do livro ou outros livros, com uma análise comparativa?
    Abraço

    Anderson da Silva Schmitt
    Licenciatura Plena em História pela Universidade de Passo Fundo
    Especialização em História e Humanidades pela Universidade Estadual de Maringá
    Especialização em Educação Especial e Inclusiva pela Faculdade Venda Nova do Imigrante

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    1. Obrigada Anderson! Concordo com você, o livro didático não deve ser a única fundamentação para o saber do professor, tão pouco do aluno.
      Eu pretendo ampliar minha pesquisa a outros livros didáticos, mas tendo como foco o Segundo Reinado, observando como é tratada essa temática em diferentes épocas do ensino e com diferentes autores. Nesse trabalho utilizei apenas um livro didático por se tratar de um resumo expandido, logo não me permite uma explanação mais profunda do tema. Espero ter lhe respondido. Grata pela participação e questionamento.
      Márjorie Maria Carneiro Pires -UFPE

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  14. Parabéns pelo trabalho, é um tema muito importante de se discutir.
    Mas com relação ao livro didático em si o que você aponta como saída para o professor que é obrigado a seguir um livro como um conteúdo programático muitas vezes defasado??

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    1. Obrigada Igor! Realmente em diversas escolas somos obrigados a utilizar e a seguir o conteúdo do livro didático proposto. No entanto, nós como professores podemos trazer novas visões e novos questionamentos a esses temas defasados. Acho que a solução é problematizar, trazer novas abordagens, novos pontos de vista e confrontar com o que o livro traz. Solicitar ao aluno que realize esse "embate" também é uma boa saída para que o mesmo constate essa defasagem. Espero ter respondido sua pergunta. Agradeço a sua participação.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  15. Parabéns Márjorie Maria! Seu texto é simplesmente brilhante. O livro didático sempre foi alvo de muitas resistências. Uma grande parcela dos professores universitários, por exemplo, criticam a utilização dos mesmos em salas do ensino básico, pois os mesmos são direcionadores, não estimulam o senso crítico do aluno, são besuntados de ideologias, enfim, tudo que fora tratado em seu texto. Acredito que o livro didático não pode ter o fim em si mesmo. Pode e deve dialogar com outras fontes, até como forma de dinamizar a aula, tornando-as mais atraentes, aguçando o senso crítico de cada aluno. Ainda que bastante controverso, creio que sua análise em sala de aula seja importante, porém, não deve ser uma espécie de manual de instruções que robotiza o processo de aprendizagem.

    Aureanne Silva de Oliveira
    Graduanda em História Licenciatura - UFAL

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    1. Obrigada Aureanne! Eu não conseguiria fazer uma síntese melhor sobre o que penso e do que esbocei no trabalho. Fico feliz em saber que compartilhas da mesma ideia. Espero poder ter sido clara de que não abomino o livro didático, apenas acho importante que os professores realizem essa análise ao utilizá-lo. Obrigada pela participação.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  16. Parabéns por seu texto Márjorie Maria Carneiro Pires.
    Considero sua análise muito bem construída. O livro realmente é um instrumento didático do qual o docente pode fazer uso. Contudo, o mesmo não deve ser sacralizado no ensino. Pontuaria ainda que apesar do mesmo conter elementos historiográficos de cunho tradicional, como você bem salientou, há uma constante renovação e problematização dos livros didáticos, que se deve, em certa medida, ao crescimento do mercado editorial e os valores que giram em torno do mesmo. Por fim, particularmente gostei do recorte acerca do Segundo Reinado, seu texto teve um foco bem definido e os objetivos alcançados. Parabéns!

    Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
    Mestrando em História da Universidade de Passo Fundo

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    1. Obrigada Gustavo! Também percebi isso ao analisar o livro didático do presente trabalho, os autores deram maior atenção a correntes historiográficas voltadas para a sociedade, aos costumes e as minorias. Sem dúvida são mostras de que o livro didático está sendo melhor estudado e repensado no Brasil. Agradeço sua intervenção e opinião.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  17. Os livros didáticos são instrumentos de apoio ao professor no papel do ensino-aprendizagem, contribuindo para que os alunos possam entender os assuntos que serão trabalhados em sala de aula. É importante que os conteúdos abordados de história sejam contextualizados, que se aproximem dos alunos, uma vez que são instrumentos que buscam a criticidade, a reflexão; é importante analisar minuciosamente, na questão do conteúdo, atividades, imagens, indicações e principalmente no que tange a presença do negro nos livros didáticos, dado que no dia a dia da sala de aula percebe-se que alguns apresentam e reproduzem aspectos um tanto preconceituosas, sobretudo aos índios e negros, ou seja, reforçam a inferioridade dos negros historicamente construída, e até mesmo percebemos a ausência do negro. Portanto, os livros didáticos deveriam trazer problemáticas e reflexões acerca da formação da sociedade brasileira e sua diversidade ético-racial.

    Ghibson Gabriel da Silva Oliveira
    Estudante de História
    Universidade de Pernambuco UPE - Campus Petrolina

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    1. Concordo Ghibson! Apresentar diferentes panoramas de uma dada temática é oferecer oportunidade ao aluno de aumentar seu conhecimento e produzir um melhor senso crítico acerca de qualquer conteúdo.
      Ainda há a presença, em diversos livros didáticos, de uma visão deturpada das minorias, mas acredito que esse quadro vem melhorando consideravelmente no que tange aos livros didáticos. Grata pela participação.
      Márjorie Maria Carneiro Pires -UFPE

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  18. Esse é de fato um debate muito comum nas escolas atualmente, pois, como sabemos o livro didático representa um importante é valioso instrumento de trabalho para o docente e discente. Porém é imprescindível a escolha desse material usado em sala de aula. Por mas que a tecnologia esteja a todo vapor e com ela a inovação nos livros. Independente do modo que o livro seja usado, seja impresso ou digital, seu uso é de suma necessidade, como mecanismo de apoio ao educando e o educador.
    Dayane Jenifen de Souza Silva
    3 período de história
    FAMASUL

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    1. Com certeza Dayane! Ele já é um aparato presente no cotidiano escolar, por isso não deve ser menosprezado, apenas analisado para que seja feito um melhor uso do mesmo, não o reduzindo a função de fornecedor de exercícios e de conteúdo. Obrigada pela participação.
      Márjorie Maria Carneiro Pires - UFPE

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  19. Boa Tarde, tudo bem? Parabéns pelo trabalho. Em determinada parte do teu texto tu colocas que existem professores que “abominam” e outros que “acham fundamental” a utilização do livro didático. Saberia me dizer quais os principais argumentos das pessoas que criticam os livros didáticos, bem como, daquelas que elogiam seu uso? Obrigado.
    Felipe Rosenthal Rabelo – Unespar/União da Vitória/PR.

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    1. Tudo bom! Obrigada! Respondendo a sua pergunta, aqueles professores que criticam o uso do livro didático, veem negativamente o emprego desmedido dele como única fonte do saber para os alunos ou como única base de estudo do professor. Desta forma, essa maneira de manuseá-lo implica em uma visão reducionista de um determinado conteúdo, pois outros recursos e outras leituras podem contextualizar, trabalhar de forma mais profícua o assunto estudado. Além disso, essa forma de aplicar o livro faz com que, muitas vezes, as aulas se tornem monótonas e tradicionais.
      Já os professores que defendem o livro didático, consideram que o mesmo é um ótimo norteador do saber ao agrupar os conteúdo; oferecer exercícios; trazer os conteúdos a serem estudados ao longo do ano, de forma que o aluno tem essa autonomia de estudar o que o professor está ensinando, e o que ele quiser; trazer sugestões de livros, música, filmes, que podem ser estudados além da sala de aula.
      Resumindo, os que criticam o uso do livro didático são aqueles que não acreditam que ele deva ser o único direcionador do estudo, já os que o defendem, consideram que ele oferece direcionamento e autonomia tanto ao professor quanto ao aluno. Espero ter lhe respondido satisfatoriamente. Obrigada participação e questionamento.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  20. Saudações:
    Os livros didáticos correspondem ao instrumento de trabalho integrante da tradição escolar de professores e alunos, fazem parte do cotidiano escolar há pelo menos dois séculos. Trata-se de um objeto cultural de difícil definição, mas pela familiaridade de uso é possível identificá-lo, diferenciando-os de outros livros. Sem mais.

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    1. Isso Alex, e por estarem tanto tempo presentes no cotidiano educacional se tornaram uma ferramenta naturalizada na prática docente, sem sofrer ao menos uma análise de sua utilização. Por isso, temos que criticá-lo, questioná-lo. Grata por você exprimir sua perspectiva.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  21. Gostaria de parabenizar a autora pela escrita maravilhosa e agradável. Pensar o livro de didático como uma ferramenta que precisa ser questionada e refletida pelo docente e não apenas como uma "verdade histórica" é um dever de todo professor.

    Allana Letticia dos Santos,
    Graduação em Licenciatura em História
    Universidade Estadual de Feira de Santana/Universidade de Coimbra

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    1. Obrigada Allana!Isso mesmo,devemos fazer a nossa parte enquanto docentes e oferecer um aprendizado mais enriquecedor possível aos nossos estudantes. Agradeço o seu pronunciamento.
      Márjorie Maria Carneiro Pires- UFPE

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  22. José Haroldo Matos Machado
    Universidade Federal do Maranhão

    O livro didático é reflexo do mercado educacional e do sistema ápice da educação básica que é o ENEM-acesso ao Ensino Superior. É o retrato fiel de um status quase que infantil que todos passam até sairmos do 3o ano do ensino médio. Muitos esquemas, várias cores, imagens, dicas de filmes, links... O interessante, ao menos para mim, é percebermos o susto (posso dizer, ainda, salto) que é a troca de material didático ao atingirmos as Universidades: os livros, quase que em sua totalidade, deixam de ter figuras!!! Parece que após a matrícula no Ensino Superior somos tomados por uma capacidade natural de imaginar os cenários ou de entrar no raciocínio crítico e denso que os autores de livros para o Ensino Superior propõem. É radical e violenta esta alteração. Não preparamos os alunos para o cotidiano das Universidades, preparamos os mesmos para entrar. Lá, ele que se vire. Esse caso, ,claro é visto com mais força nas Ciências Humanas.

    O livro didático é um recurso. Um. Não "o". O fazer didático do professor pode passar por ele sim. E até deve, principalmente na rede pública. Se não, é dinheiro jogado fora que poderia ser utilizado de outra maneira. Mas o lide, as técnicas e compromissos com o fazer didático devem apenas adicionar o texto do livro didático à aula. O professor deve permanecer como o principal catalisador do aprendizado, como principal estimulador do ato docente. O ensino, assim, permanecerá humanizado.

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  23. Achei de grande valia a escolha do tema. A escolha do livro didático pelo professor é um desafio que dever ser executado de forma minuciosa, pois será valioso recurso na aprendizagem e influenciará crianças e jovens em idade Escolar.
    Eliana Gomes Ferreira
    Mestranda em Educação pelo ITEH

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