ANOTAÇÕES
SOBRE O MASCULINO NA ANTIGUIDADE
André José
da Silva,
Alexandre
Silva
Resumo: Quando estudamos os acontecimentos em várias civilizações
antigas, nos deparamos com coisas que nos instiga a refletir sobre a sociedade,
uma delas é o papel social do homem. As guerras, conflitos sociais de modo
geral apontam para a participação do homem e, sua consequente acumulação de
poder. Este poder, por sua vez, sendo sendo representado de várias formas.
Gostaríamos, nesta breve investigação de nos deter na representação masculina a
partir do falo, órgão sexual exposto em várias obras da idade antiga. E,
consequentemente abordar, mesmo que de modo periférico em questões de gênero.
Palavras-chave: Masculino, poder e gênero.
Da concepção
social
Nos últimos anos a reflexão sobre a questão do masculino e
do feminino vem ganhando força nos debates nacionais, inclusive vários projetos
parlamentares estão abordando esta temática. Portanto, querendo refletir sobre
o masculino, a partir da temática do falo, quer-se entrar neste debate, a fim
de refletir sobre partir da idade antiga. De modo especial o poder do pai em
admitir ou não o nascimento do filho, na sociedade romana.
É importante ressaltar que o nascimento, na Roma Antiga não
era apenas, segundo Paul Veyne, um acontecimento biológico, mas sobretudo
social. Tendo esta concepção por base é possível entender a posição masculina,
naquela sociedade. Mesmo que a mãe permaneça com o nascituro durante o período
da gestação, quem traz o rebento ao seio social é o pai.
De um modo geral quando nascia uma criança na Roma Antiga se
dizia que um testamento era rasgado. Uma vez que o somatório da renda da
família deveria ser, a princípio repartida. Porém ainda cabia ao homem (pai) o
direito de deserdá-lo ou não do testamento, ou ainda, incluir outra pessoa como
seu herdeiro, independente do laço sanguíneo.
O nascimento de um romano não é
apenas um fato biológico. Os recém-nascidos só vêm ao mundo, ou melhor, só são
recebidos na sociedade em virtude de uma decisão do chefe de família; a
contracepção, o aborto, o enjeitamento das crianças de nascimento livre e o
infanticídio do filho de uma escrava são, portanto, práticas usuais e
perfeitamente legais. Só serão malvistas e, depois, ilegais, ao se difundir a
nova moral que, para resumir, chamamos de estoica. Em Roma um cidadão não “tem”
um filho: ele o “toma”, “levanta” (tollere); o pai exerce a prerrogativa, tão
logo nasce a criança, de levantá-la do chão, onde a parteira a depositou, para
tomá-la nos braços e assim manifestar que a reconhece e se recusa a enjeitá-la.
A mulher
acaba de dar à luz (sentada, numa
poltrona especial, longe de qualquer olhar masculino) ou morreu durante o
trabalho de parto, e o bebê foi extraído de seu útero incisado: isso não basta
para decidir a vinda de um rebento ao mundo. (VEYNE, Paul: 2009).
Cabia ao homem trazer, ao mundo
social, este novo ser. Caso contrário o recém nascido seria jogado fora da casa
para ser criado, no âmbito da família por um escravo, caso ele alcançasse,
através de seus dotes diante do julgamento de seu pai biológico ou se , por uma
eventualidade outro homem o considerasse digno de adoção, o faria, trazendo-o à
vida social.
Na Grécia Antiga, de modo particular
Esparta devido a supervalorização da formação militar, as mulheres eram
consideradas um verdadeiro fracasso social, pois a sociedade necessitava de
homens armados para manter sua força militar. Quando nascia uma menina em Esparta ou um menino defeituoso, ele de
uma modo geral jogado às pedras em um penhasco. Mais uma vez, tem-se o exemplo
do homem que deteve o poder de receber ou não o rebento na sociedade.
Mulher e
propriedade
De um modo geral a mulher era considerada parte dos bens da
família. Uma passagem na Torá Judaica nos oferece uma reflexão sobre isto:
…20Não darás falso testemunho contra o
teu próximo. 21Não cobiçarás a
mulher do teu próximo. Não desejarás para ti a casa do teu próximo, nem o seu
campo, nem o seu servo ou serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem bem algum
que pertença a teu próximo’. (Dt 5, 20-21).
Nota-se, claramente, que no texto
acima a mulher é colocada na lista das propriedades. E, não só isto, uma
propriedade regida pela religião e, pela política, uma vez que a forma de
organização daquela sociedade era teocŕatica. Como nos lembra Foucault é na
sexualidade e na política que as regras sociais se tornam mais rigorosas.
E, cabia ao homem regrar a mulher,
catalogá-la, na idade antiga, dar-lhe escopo social. Formando deste modo um
sistema cruel que só serviria para o homem. Porém, nem todos os homens possuiam
tal poder no mundo antigo. Os escravos e estrangeiros de um modo geral não
possuíam estas atribuições sociais.
Porém a mulher, infelizmente estava
associada a propriedade masculina, mesmo que se reconhecesse alguns direitos a
mulher, como por exemplo de denunciar alguém por abuso sexual, caso ela
estivesse dentro da cidade.
Considerações
finais
Pensar sobre a função social do homem na antiguidade
significa pensar nos processos mais amplos que regem nossa sociedade. Pensar o
passo não significa se afastar do presente, mas buscar no passado as origem dos
problemas de hoje. E, a questão do papel do do homem da sociedade faz parte de
inúmeros debates, sejam eles na sociedade ou na academia.
Referências
O autor é graduando em História pela FAMASUL onde desenvolve
pesquisas sobre a masculinidade
Possui graduação em Filosofia -
Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição (2004), graduação em
Licenciatura Plena em História pela Faculdade de Formação de Professores da
Mata Sul (2008), graduação em Teologia - Seminário Arquidiocesano da Paraíba
Imaculada Conceição (2004) e mestrado em História pela Universidade Federal de
Pernambuco (2012). Atualmente é Doutorando em Ciências Sociais pela
Universidade de Buenos Aires e pesquisador do Centro de Investigaciones
Laborales CONICET.
FOUCAULT,
Michel. A Ordem do discurso. São
Paulo: Loyola, 1999.
VEYNE,
Paul (Org). História da vida privada
: do Império Romano ao ano mil. ( Vol I).
São Paulo : Companhia das Letras, 2009.
Olá André e Alexandre,
ResponderExcluirObrigada por contribuir para esse simpósio. Geralmente o tema sobre gênero na História recai sobre a condição feminina, sendo bastante raro trabalhos que se acerquem do tema masculino. Por essa razão, o trabalho de vocês é fundamental no desenvolvimento do tema. Entretanto, pelo objetivo dado por vocês, do estudo do "falo", não foi dito. Gostaria que vocês pontuassem algumas questões sobre isso.
Abraço!
valeu Flávia braga, olhe esse artigo e apenas uma mostra do que será meu tcc. onde focarei a importância histórica do falo ou pênis nas sociedades antigas como roma, grecia, índia etc. sem duvidas e um assunto pouco comentado nos anais acadêmicos; por ser um tema pouco abordado estou mim debruçando nesse tema.ok
ExcluirPresados senhores!
ResponderExcluirFeliz por participar deste simpósio e perceber este importantíssimo tema para enriquecer nosso conhecimento. Forte abraço ao meu colega de turma André José e o M.S Alexandre de Lima.
Wilma Tavares
4° período de História
AEMASUL. FAMASUL
André José
ResponderExcluirAlexandre de Lima
É audacioso o assunto histórico aqui apresentado sobre a falo do homem no contexto de masculina de ao longo dos tempos nas civilizações antigas. A figura do homem masculo e viril imponente a seu tempo na condição de perpetuador de sua espécie capaz de se conduzir a conquistas embates derrotas e vitórias ao longo dos séculos.
Gostaria de vós parabenizar e questionar o seguinte:
Como desenvolver uma assunto desse para ministração de uma aula ou de aulas no ensino médio se instigar os discentes a banalização do tema levando-os a curiosidade de compreender o que importante é o tema é sua ligação a história contemporânea?
Carlos Antônio da Silva
4° período de História
AEMASUL. FAMASUL
obrigado Carlos. por mais que seja um assunto um pouco diferente. vai ser muito atrativo para alunos do terceiro ano do médio. por falar do órgão masculino e a questão social, o professor devera compreender o assunto e procura por em pratica da melhor maneira sem deixar sair do foco que e a questão histórica.
ExcluirGênero e arte que ótima contribuição.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho.
Cleberson Vieira de Araújo - Doutorando em Educação/ UTIC
obrigado cleberson e meu foco de estudo.
Excluirvaleu wilma silva obg.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá André e ALexandre,
ResponderExcluirGostaria de saber como o debate sobe masculinidade hegemônica proposto por Raewyn connell (1995 e 2013) contribui numa pesquisa sobre o masculino na antiguidade. Desde já, parabenizo e enfatizo a importância de se pensar o masculino sob uma perspectiva de gênero, amplificando as análises históricas sobre masculinidade e feminilidade.
Abraços.
Natanael Silva.
Mestre em História PPHR/UFRRJ
obrigado Natanael silva
Excluirsem sombra de duvidas o autor sugerido por você contribuiu para o nosso tema como outros autores estão a contribuir, o mais importante e que o tema abordado nesse artigo sirva de impulso para outras pesquisas. até porque e um tema importantíssimo na historia mas pouco estudado.
É importante conhecer a história para compreender algumas concepções as quais estamos ligados até os dias atuais. Excelente artigo, parabéns pela escolha do tema.
ResponderExcluirEliana Gomes Ferreira
Mestranda em Educação pelo ITEH